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Trabalho 2 - Fichamento de resumo - As lutas e conquistas da mulher na sociedade terrena


 Profª Simone Monteiro

Aluna: Maisa Aparecida Fernandes

Assunto(tema): As lutas e conquistas da mulher na sociedade terrena   Ficha nº 02

Referência bibliográfica: MURARO, Rose Marie. A Mulher no terceiro milênio. 3ªed.Rio de Janeiro:Editora Rosa dos Ventos,1993.

Texto da ficha: 3ª parte da livro

O Mundo Tecnológico – cap.17

A autora faz uma avaliação da história da humanidade nos dois milhões de anos que existimos na Terra, de acordo com o que já foi dito nos capítulos anteriores.

Nessa perspectiva apresenta as conquistas humanas nas sociedades agrárias tais como: coleta, caça, pastoreio, agricultura, industrialização, cerâmica, culto aos mortos, domesticação de animais e a grande conquista da palavras falada, quando a sociedade passa da animalidade à humanidade.

O segundo grande salto da sociedade humana se dá com a palavra escrita que muda profundamente a comunicação e controle entre os seres humanos. E o terceiro salto da humanidade acontece com a industrialização que dá origem às grandes cidades, telefone, telégrafo, estrada de ferro.

Com o advento a tecnologia dos séculos XIX e XX o mundo passou por uma profunda transformação na vida humana bem como uma aceleração no estilo de vida e pensamento da espécie humana que descobre os mistérios do universo e retarda a morte nas palavras da autora.

Muraro avalia também os aspectos sociais econômicos ditos de países do primeiro mundo em relação aos países subdesenvolvidos que são a grande maioria,  devedores dos países desenvolvidos pagando juros cada vez mais altos gerando fome, desemprego e miséria.

 Os países subdesenvolvidos – cap.18

Com a implantação gradativa do capitalismo no mundo, a humanidade se reorganiza, inclusive acentuando o papel a mulher como profissional na sociedade.

Nos países subdesenvolvidos, a mulher do campo permanece oprimida; entre as operárias urbanas emergentes, cada vez mais seu é necessário para a sobrevivência da família. O capitalismo extrai seu lucro com a exploração do trabalho feminino. Nas classes dominantes, a mulher é submissa ao homem para não perder posição, riqueza ou poder. Como não necessitam trabalhar para viver são apenas mães e donas-de-casa defendendo os valores tradicionais no que se refere à sexualidade, à educação, à economia e à política.

Somente nos grandes centros sofisticados em meio a intelectuais, artistas, profissionais liberais, universidades e pesquisas, as mulheres são mais liberais em relação aos costumes e políticas, tornando progressistas e seguindo carreiras profissionais.

Com o desejo de analisar os países subdesenvolvidos a autora escolhe estudar o Brasil por seu processo acelerado de modernização e a Índia por ser uma das culturas mais tradicionais do mundo.

De nosso país ela lembra a situação da mulher no Brasil Colônia onde a população era composta por brancos e mestiços resultantes dos relacionamentos de portugueses com índias e mais tarde com as escravas negras.

Aos velhos coronéis era motivo de orgulho e glória aparecerem em seu epitáfio o número de esposas com seus vários filhos. Esposas estas que casavam entre 12 e 14 anos, consideradas máquinas de fazer filhos e que morriam em geral de parto. Elem disso tinham filhos com as índias e mais tarde com as negras, gerando a classe inferior dos caboclos que povoaram o interior do Brasil.

Já nas zonas rurais a mulher é mãe, trabalha fora em longa jornada e recebe altas sanções da sociedade se seu comportamento social não caminha em acordo com as regras sociais. Nas classes trabalhadoras urbanas a mulher apresenta conquistas profissionais e salariais, o que já lhe rendeu conquistas ao reinvidicar seus direitos. Por outro lado a mulher negra das favelas apresenta um comportamento completamente diferente das brancas no que se refere à sexualidade, sobrevivência solitária e manutenção dos filhos, vivendo num regime matricêntrico.

Na classe dominante embora a mulher tenha um discurso puritano “por debaixo dos panos” rompe com as regras do adultério, do aborto, etc. Assim, de acordo com Muraro elas ensinam seus filhos a romperem com a legalidade do Estado e da economia assim como ela rompe as regras do setor privado.

Segundo a autora, no Brasil, a condição da mulher varia de acordo com a classe social que ocupa. “Ora, isso quer dizer, em última instância, que os nossos corpos são a máquina que faz o sistema funcionar, e nossa sexualidade, o seu combustível. E a família, a sua fábrica...”

Estudando a Índia Muraro cita a divisão social pelo sistema de castas comas características de cada uma. Lembra que neste sistema a sociedade é mais violenta porque para seus membros não há a esperança de mudar de casta. Só pela reencarnação se o homem ou a mulher tiverem cumprido perfeitamente a lei de sua casta, renascendo então em casta superior.

Sendo a estrutura familiar patriarcal à mulher não é dado o direito de herdar bens, educar-se, pedir divórcio, participar da vida pública ou dos ritos religiosos. Ao nascer é motivo de tristeza para os pais que sabem de antemão que deverão produzir mais para terem um bom dote na época do casamento.

A autora tendo amizade com Alice Rainho, Embaixatriz do Brasil na Índia, teve acesso a jornais e documentos onde pode comprovar a veracidade dos costumes e estilo de vida das mulheres indianas.

Em relação a outros países Muraro apresenta a terrível condição da mulher em sociedades asiáticas e africanas como por exemplo: o enfaixamento dos pés de mulheres desde meninas na China, o corpo coberto das mulçumanas, o rito de circuncisão entre as mulçumanas da África, a poligamia por homens permitida pelo Corão, a exclusão da mulher africana na aprendizagem das novas  técnicas do cultivo da terra por parte dos ingleses, o que levou a África à maior fome da história, pobreza, desertificação, extinção da fauna, uma vez que cabia à mulher milenarmente o trabalho de horticultura e agricultura.

A Mulher nos países socialistas – cap. 19

Nesta análise Muraro aponta as várias fases da condição feminina na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas onde  as mulheres sempre estiveram presentes à frente das lutas sociais com sacrifício. Reivindicavam direitos que iam de encontro as bases da sociedade de classe e o patriarcado; direitos como a igualdade no trabalho e vivência da sexualidade como a dos homens.

As mulheres foram de fundamental importância no desenvolvimento da Revolução russa, a partir de 1917; convenceram operárias, donas de casa e aos homens a aderirem à Revolução. Com os bolcheviques governando a Rússia, criaram leis libertando a mulher do jugo masculino, obrigado a igualdade de salários, facilitou o divórcio, aboliu a pensão alimentícia esperando que todas entrassem para a força de trabalho.

Em 1919 fundaram a primeira federação de mulheres que reivindicou alfabetização e educação especial para mulheres. Contudo estourou a guerra civil matando grande número de mulheres que deixaram sete milhões de crianças órfãos pelas ruas. Nesta crise alguns direitos adquiridos foram revistos; as mulheres sempre trabalhando e produzindo muito para a nação.

Com a segunda Guerra Mundial a mulher voltou a ser mais de 50% da força de trabalho, com dupla jornada e vivendo momentos mais difíceis que no tempo do czarismo. Sua situação melhorou durante a Guerra Fria quando foram educadas, incentivadas a irem a universidade, tem carga horária de trabalho profissional doméstico superior a dos homens e não gozam das facilidades das mulheres ocidentais em termos de conforto doméstico. O feminismo é temido, há muita violência contra a mulher e poucos direitos adquiridos. A autora conclui que:

 “todas as revoluções que aconteceram até hoje, as vanguardas foram compostas em sua maioria de mulheres. Quando, no entanto o poder é conquistado, também no socialismo, como em qualquer outro sistema humano até hoje, a situação da mulher volta a ser inferior à do homem!...”

Na China do século XIX a situação da mulher era pior que a das mulheres russas antes da revolução. Neste século, com a organização do Partido Comunista Chinês, as mulheres começaram a fazer parte do movimento sendo aceitas e treinadas. Nisso a partir de 1919 clamaram por seus direitos, formaram grupos de resistência em todo o país, atuaram contra os princípios confucionistas gerando a primeira revolução cultural chinesa. A autora coloca que com a criação do partido comunista as questões femininas ficaram subordinadas à luta de classes. Após a segunda guerra com a participação da mulher no sistema produtivo as Associações de Mulheres tornaram-se parte essencial nas vilas e vida social.

Como parte da administração comunista as mulheres passaram a ter direito a posse e terras quando começaram a trabalhar no campo  abandonando os maridos opressores.

A Mulher do Capitalismo Avançado – cap.20

Após a segunda Guerra Mundial, as mulheres americanas passaram por um choque ao terem que entregar seus trabalhos nas mãos dos homens que retornaram das lutas. Com isso voltaram-se para as atividades domésticas como donas de casa e mães. Com a super produção que invadiu os Estados Unidos, elas foram estimuladas a tornarem-se consumistas em extremo e começou a ser detectado algo errado com essa mulher.é quando surte a psicóloga Betty Friedan entrevistando mulheres de melhores condições financeiras e confirmando o estado de frustração em que se envolveram impelindo-as a consumir e ter casos extraconjugais a fim de diminuir seu tédio. Friedan conclui que essa frustração tem origem no fato das mulheres não estar utilizando toda sua capacidade.

 Treze anos depois a filósofa francesa Simone de Beauvoir lança o livro O Segundo Sexo que estuda a atuação da mulher no patriarcado. Em 1963 quando lança o livro Mística Feminina influencia a criação do primeiro movimento feminista dos tempos modernos. Foi muito bem aceito na sociedade este movimento bem como o dos negros lutando por direitos civis e contra a discriminação.

Em 1965 com a guerra do Vietnã, os Estados unidos enviam mais de quinhentos mil de seus jovens que não aceitam a imposição e desertam dando início a um movimento de oposição ao sistema político, cultual e religioso vigente – os hippies.

As mulheres retornam com intensidade ao mercado de trabalho e iniciam lutas por direitos sexuais, financeiros, políticos, sindicais, etc. “Os antigos estereótipos começaram a ruir”.

A economia americana e a política avançam a nível nacional e internacional; grandes associações descobriram que a liberalidade sexual conduzia a um comportamento liberal de esquerda em termos econômicos, com isso há uma campanha política conservadora que coloca no poder seus líderes políticos e religiosos. Com isso foi criado segundo Muraro um padrão de comportamentos em todos os aspectos para substituir o vigente; chega mesmo a apontar a opinião de que a AIDS tenha sido uma criação da engenharia genética mudar o comportamento sexual do povo. Consequentemente  tem fim o movimento feminista americano assim como o socialismo e a união Soviética.

O Pós-Patriarcado – cap.21

Neste capítulo Muraro tenta refletir sobre o último desafio do ser humano: a destruição do planeta. Enumera os feitos humanos que conduzem a essa destruição e apresenta as três leis do sistema competitivo que está liquidando nossa possibilidade de sobrevivência na Terra: o lucro, a expansão e a agressão ou seja, a obtenção do lucro a qualquer preço; a expansão sem limites e apenas os mais fortes sobrevivem.

Em sua análise conclui que esse sistema competitivo patriarcal capitalista faz os ricos ficarem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Em meio a  consequências desta política destruidora, segundo Muraro, “há uma outra revolução silenciosa: as mulheres conseguiram invadir como povo o mundo masculino”. Nos tornamos no mundo 50% da forçado trabalho. “Assim, conseguimos superar a dicotomia entre o público e o privado que caracterizou o patriarcado desde o seu início”.

Nesta linha de pensamento as mulheres e o meio ambiente despertaram ao mesmo tempo conduzindo a autora a um questionamento: Quais são, então, as consequências dessa mudança tão drástica, talvez a mais drástica de todos os tempos?

Os Novos valores – cap.22

Prestes a concluir a obra, a autora nos fala do quanto as relações harmoniosas entre os seres humanos influenciam as relações com o meio ambiente. Apresenta a idéia de que à medida que o homem foi assumindo papel preponderante na sociedade pela força física, instalaram-se relações de poder e controle com a existência de guerras entre os grupos. Faz uma análise psicológica do comportamento masculino e feminino na execução de seus papéis na vida humana; o quanto a mulher sobrecarregou-se nos últimos dez mil anos para entrar no domínio público. Agora neste novo momento a mulher reivindica a entrada do homem no domínio do privado com a participação deles nos afazeres domésticos, no processo reprodutivo, a cuidar do bebê e outras tarefas anteriormente consideradas femininas.

Conclui Muraro que nos tornamos menos aptas que os homens ao sucesso no mundo público competitivo mas também percebemos que só os valores de solidariedade e partilha poderão salvar a nossa espécie da destruição.

Conclusão: A Mulher no Terceiro Milênio – cap. 23

Segundo Muraro uma revolução fantástica está acontecendo: as mulheres invadindo o mundo masculino, acabaram com a separação entre o mundo privado e o público. Com isso acredita ela na possibilidade ainda que pequena, da superação do patriarcado.

Para sanar as destruições conseqüentes da competitividade do patriarcado, somente com o retorno dos valores de solidariedade e de partilha. Lembra da tentativa infrutífera de realizá-lo no Cristianismo primitivo e na instauração do socialismo no século XIX. Para tal é necessário a rejeição do autoritarismo e da opressão através da modificação da mentalidade. Mudando-se as cabeças consequentemente mudam-se as estruturas sociais em todos os aspectos e áreas de forma individual, coletiva e institucional. Toda a ciência pode ser destruidora se não for acompanhada da transformação do ser humano no mais profundo de si mesmo, o que virá a acontecer com a integração da mulher no mundo masculino e vice-versa.

Para o sucesso dos novos modelos sociais, é necessário a criação de um Estado verdadeiramente democrático, gerido por uma sociedade civil.

“A necessidade de sobreviver é a única mola que impulsiona qualquer utopia. Só quando pudermos ver no outro um irmão, um aliado e não um opressor ou um inimigo, é que poderemos saber que as duas instâncias mais difíceis e mais longas de integração exigidas para a continuação de nossa espécie, que são a dos seres humanos entre si e da humanidade com o meio ambiente, serão conseguidas”.

A autora usa do mito judaico de Adão e Eva para explicar que ao induzir Adão a comer o fruto do Bem e do Mal, Eva e a serpente agiram acertadamente pois o homem tornou-se um deus como nós. E para impedir que ambos entrem no Jardim das Delícias vedou a entrada deste com um querubim e uma espada que volve para todos os lados. Para Muraro, a única maneira de fruirmos da Árvore da Vida é destronando o Deus patriarcal fazendo dele um Deus ao mesmo tempo macho e fêmea. Diz ela, “no fim, mesmo o Deus patriarcal reconhece a sabedoria da mulher e a sua condição de libertadora do homem. Quem diria!”

 

Tipo de fichamento: Resumo

Biblioteca em que se encontra a obra: Pessoal

 


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    Author: maisafernandes   Version: 1.3   Last Edited By: maisafernandes   Modified: 27 Jan 2011